segunda-feira, 16 de abril de 2007

Meio sem jeito

“Eu te amo”. Tais palavras se perdem de alguma forma entre lágrimas e um céu estrelado, entre um abraço, um beijo e um último suspiro. A próxima cena seria a separação de duas almas, talvez não gêmeas, mas que se amam. Se amam e se perdem ao mesmo tempo.
As mãos se soltam, abraços desfeitos, ainda lágrimas nos olhos. As almas trocam um olhar profundo, talvez o último. Olhos nos olhos e a mente desejando poder ficar ali para sempre, naquele beijo, naquele abraço, naquele céu... Mas de repente, uma das almas recebem um chamado e mesmo desejando ficar ali para sempre sabe que é a hora de partir. A vida a espera.

Agora, o abraço ainda mais apertado, a respiração mais profunda e as lágrimas ainda mais intensas representam o medo de se perder. “A hora é essa”, diz uma das almas, e lentamente tudo vai se desfazendo, mas as lágrimas parecem ser eternas. As almas viram em sentindos opostos e seguem seus caminhos, passo a passo. A vida os espera.

Se almas não sentissem, tudo acabaria ali, mas almas sentem e sofrem o que não deveriam sofrer. Almas sofrem as injustiças da vida. Almas sentem sufocar, arder e doer a saudade; almas amam intensamente. Mas é preciso viver, é preciso superar esta dor, é preciso ser forte.

Almas precisam entender o amor. É preciso entender que o amor foi feito para doer e não sentir dor; almas precisam entender que o amor é longe e perto, que o amor é contradição; almas precisam entender que o amor faz chorar. Amar faz as almas cegas e bobas; almas precisam entender que o amor foi feito para superar. É feito para se amar também, mas para amar e ser amado na medida certa.

Queria eu entender o amor, mas acho que já sofri demais. Almas são feitas para amar enquanto anjos dizem que o amor é assim mesmo... Meio sem jeito.