Esses dias subi no ônibus 8107. Final de tarde, ônibus lotado. Na espera de desocupar um lugar no “lado de lá da roleta” sentei naqueles acentos da frente. Do meu lado uma senhora, já de idade, que puxou um papo gostoso comigo.
O ônibus esvazia. Todo mundo desce num lugar só. Parecia até que foi combinado. Eu poderia ter passado pela roleta, mas quis ficar proseando com aquela senhora. Mais uma parada em um ponto, no centro da cidade, onde entraram no ônibus 4 meninos e uma menina, que aparentavam ter entre 13 e 15 anos. Não passaram para “o lado de lá da roleta”, embora já estivesse tudo desocupado.
A dona do meu lado ficou meio assustada com a agitação deles, mas logo eles aquietaram. Conversa vai, conversa vem, mais outra parada e os meninos descem do ônibus, rápidos feito um raio, sem pagar a passagem.
O motorista xinga uns bons palavrões. Ocobrador coloca a cabeça pra fora da janela e grita. Os meninos do lado de fora fazendo gracinha, apontando dedos e mostrando a língua.
A velhinha manifesta de forma singela sua indignação machista: “Cê viu? Tinha até uma menina...”
Dois pontos mais tarde eu atravesso a roleta pensativa: ser trombadinha deve mesmo ser coisa de menino.
O motorista xinga uns bons palavrões. Ocobrador coloca a cabeça pra fora da janela e grita. Os meninos do lado de fora fazendo gracinha, apontando dedos e mostrando a língua.
A velhinha manifesta de forma singela sua indignação machista: “Cê viu? Tinha até uma menina...”
Dois pontos mais tarde eu atravesso a roleta pensativa: ser trombadinha deve mesmo ser coisa de menino.